"sabemos quando é a hora de dizer adeus. Nunca nos foi permitido
entender quando e onde vai acontecer, ou então quanto tempo temos. Ou o
quanto aquela pessoa da qual tanto amamos ainda viverá. Só sabemos que
os olhos um dia fecham-se, a voz doce e suave cala-se. Ouvi dizer que só
se sabe que é entre a chegada e a partida, o meio e o fim; dá um
arrepio! E pensamos que poderia ter sido diferente… Diferente como?
Talvez se eu me tivesse despedido, ou se então, eu tivesse dito o
último “cuida-te”, o último abraço, enfim, o último gesto de carinho.
Nunca sabemos a hora do fim, nunquinha, mas novamente digo, ele chega.
Calmo, quietinho, e faz um estrago. Paralisa. Hoje o céu é cinza, os
pássaros nem cantam, tampouco voam, e a dor é demasiadamente igual à
todas as outras perdas. Os acordes da viola não fazem sequer uma
melodia. Fica apenas a saudade e o pensamento de: “e se…”
Encaramos a
morte como um pesar, mas nunca nos perguntamos se a morte nos testa:
amas-te o quanto podes-te? Foste feliz? Fizeste o outro feliz? O que
sabemos é que ela chega, e que leva uma parte de nós com ela. Dói, dói
bastante. O ponteiro parou no tempo e o tic-tac do relógio,
infelizmente, é silencioso.
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