M A R T A

 Quando nos sentimos um pouco em "baixo" e temos alguém, que podia até ser nossa filha, que apesar da idade, já passou tanto, mas tanto e sofre por motivos que só passando por eles se poderá sentir verdadeiramente a dor! 

Alguém, que em determinado momento há muitos e muitos anos, conheci, através do pai, que foi só, uma das melhores pessoas que conheci em toda a minha vida e de quem tenho saudades!. Mas alguém por quem senti logo ser uma menina doce terna, meiga e até com uma fisionomia parecida à minha, acho que foi uma empatia, uma ternura que não sei explicar.

Sempre pensei que seria só da minha parte, apesar de sentir as poucas vezes que falamos, uma ternura enorme no falar no olhar..

 
O que eu não sabia é que a empatia foi reciproca e foi de tal maneira grande, que o meu nome, Ivone passou a ser o nome favorito dela desde décadas!

Comovo-me, choro e penso que poucas pessoas passam na nossa vida com este poder, o poder de sentir que para alguém, fomos especiais da mesma forma que para nós também o foram!
Obrigada e sei, porque me conheço, que nunca esquecerei as palavras que ontem me disseste, Nunca. 

Obrigada Marta.   

129 M E S E S

 

P A U L A "D O C E P A U L A"

 Paula, conhecida, amiga de muitos anos, andou na Clara de Resende comigo, casou com um dos melhores amigos do Nando, o Moisés.

Ele filho único, ela com uma irmã, quando casou ficou a morar com a sogra que só era mesmo sogra de nome, eram como se fossem Mãe e filha, aliás, há Mães e filhas que não se dão assim tão bem! 

Há uns 20 anos sensivelmente, deixaram Lordelo do Ouro e vieram viver para relativamente perto de mim, para Custóias e ali moraram, e ali mora o Moisés e a Mãe, a D. Benvinda a Paula, infelizmente já não está entre nós!.

Soube-o há um mês e pouco através de um amigo comum, o Luís, amigo do Nando, que acabou por se tornar igualmente meu amigo, como muitos quando cheguei de Angola, pois os que tinha, ficaram "perdidos no  tempo".

Hoje, fui ao cemitério, ao "nosso" cemitério e encontrei o Moisés, frágil. Além da infelicidade de ter perdido a Paula, tem a Mãe com 91 anos, que caiu logo a seguir à morte da "filha", partiu  o fémur.

Está neste momento em Gondomar numa casa de cuidados continuados, mas vem para casa, para o filho tomar conta dela, sozinho, não a "pode" meter num lar, pedem para cima de 1500 €...

Conta com a ajuda que o filho, também ele único e da nora que se mudaram para perto deles para os avós poderem dar mais assistência  ao neto, que tem 7 anos, mas ambos trabalham o que torna tudo também mais complicado! 

Nas vésperas, a Paula acordou a meio da noite, com muitas dores de cabeça e a determinada altura, o sangue saia-lhe pelos ouvidos a uma velocidade  inacreditável...

Internamento no Pedro Hispano, e o prognóstico, um rim já não funcionava e o outro só a 30% segundo ele, ela nunca, mas nunca, teve problemas de rins e nem sentia nada! 

A única hipótese, era fazer hemodiálise, mas sem esperanças, era difícil, o estado era muito grave. 

Infelizmente não tinha visitas, porque apanhou o Covid, talvez devido à fraqueza em que estava,  mas dia 17 de julho, o médico disse para a irem ver, que o estado dela se tinha agravado muito!  

O filho que estava  de férias no Alentejo, veio para cima, a tempo de pedir à Mãe :"não me deixes, não nos deixes" e ela simplesmente deixou cair uma lágrima e apagou! :( :( 

Desabafou, "preferia que tivesse sido a minha Mãe" e é triste, muito triste ver o desespero e ver que está de mãos atadas! Pensámos e verbalizamos se haverá Deus que "leva" uma mulher de 60 anos e deixa outra de 91, com problemas e dependente do filho!  

Descanse  em paz Paula, eras uma boa "menina" e acredita, já não dormia bem, mas quando soube, era em ti que pensava nas noites sem dormir!

Hoje, vai ser seguramente um dia desses! 

N: 29-11-1961

F: 17-07-2022