Um dia desabafei contigo e notei que notaste. um dia desabafei contigo e notei que simplesmente ouviste. Um dia desabafei contigo e reparei que não ouviste, algo mais importante se estava a passar no telemóvel e a prova de que não ouviste, foi a tua resposta: pois...
Escrevia-te mensagens, gostava de partilhar algumas coisas contigo, sabia que trabalhavas e que eu, no fundo, era apenas uma desocupada, sem nada para fazer mas tu sem dúvida, talvez pelo que era o teu trabalho, andavas sempre a mil e eu, apesar de saber isso, gostava de te escrever e confesso, ás vezes era mesmo partilhar por partilhar e talvez algumas besteiras! umas vezes de política, alguma coisa que me tivesse acontecido, alguma conversa que tivesse tido até com alguém que nem conhecias!
Apesar do teu silêncio, sentia-me bem em fazê-lo acho que sentia os dias mais preenchidos e continuei a escrever, por dias, meses...
Cheguei a um ponto que simplesmente deixei de o fazer, decidi limitar-me ao meu pequeno espaço, e pensei que realmente o que algumas pessoas diziam de mim era verdade: "Tu é que estás bem, não trabalhas, fazes o que queres, vais para onde queres" e sim, é isso, eu é que estou bem!
Sei que a partir desse momento, o meu pequeno mundo, ficou meu e só meu, apesar de o sol ter deixado de ter o brilho de outrora, mas nada a que não estivesse habituada há largos anos, a lua sempre cada vez mais pequena, mas a vida continuava até que o Covid também chegou a mim!
Aproveitei o isolamento para "carpir" a dor, não voltei a sair, com o gosto que tive um dia, pensava na vida que tive, na vida que poderia ser diferente, ou não, pensar em como os meus Pais tinham razão, pensar em como realmente os velhos são um estorvo, estorvo esse que só quando nos aproximamos do fim ou não, pensamos nisso, não que me considere velha lol, ma quem se considera?!
As minhas mágoas, ninguém as vê, os dias cinzentos, ninguém os vê e as mensagens? Ah aquelas mensagens? ficaram fechadas no passado, talvez num qualquer baú inquebrável mas cuja chave se perdeu. Podia até comprar outro, e voltar a escrever, sobre política, chuva, sol, coisas banais, mas não, continuarei limitada à minha insignificância e a esperar os dias passar, uns no sofá, outros no pc, outros simplesmente em todos os lugares e em nenhum!.
Mãe, tinhas razão em tudo o que dizias sabes? Não sei se será remorsos, mas podia ter feito o que não fiz, podia ter ouvido o que não ouvi e principalmente em um qualquer momento da nossa existência conjunta, ter conseguido ouvir os teus silêncios, que se tornaram em "pó, cinza e nada"...
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