quarta-feira, 9 de julho de 2014

A MÃE PERGUNTOU-ME: QUE DEUS???

No prédio onde moro, no andar acima do meu no 4º andar, mora a Dª Irene e a filha, Maria de Lurdes. Nos 2 anos em que tomei conta da administração do condomínio, fiquei a conhecer melhor as pessoas e o motivo era o facto de, muitas delas, virem a minha casa fazer o pagamento, umas porque querem pagar e receber logo o respectivo recibo, outras porque não se entendem com transferência embora tivéssemos sempre aconselhado a fazer o depósito em conta, ou a transferência. Acontece que a Dª Irene, era uma das Senhoras que sempre vinha pagar, ficava bastante tempo a conversar comigo, pois é uma conversadora como eu!
Fiquei a saber, numa dessas conversas com ela que a filha, Lurdes, era uma das chamadas solteironas, teve um desgosto há muitos anos, pois o namorado trocou-a por outra e desde então nunca namorou com mais ninguém ficando sempre solteira e por conseguinte vivem as duas, mãe e filha.

 Fez na passada sexta feira oito dias, vi aqui à porta do prédio uma ambulância vindo a saber depois por a Sª que faz a limpeza no prédio, que tinha sido a Lurdes e que depois de várias análises lhe tinha sido detetada a "doença dos pezinhos" além de várias hérnias na coluna...

Hoje de manhã, quando ia sair, vejo a mãe a falar com a D. Paula (Sª limpeza) e pergunto se a filha está melhor! a Sª coitada, já "lavada em lágrimas" disse que não! que depois de vários exames e análises, vieram a saber que além dos problemas na coluna lhe foi detetada esclerose múltipla e não "doença dos pezinhos"... segundo a mãe a filha já nem se consegue segurar de pé, neste momento está a ser ajudada pela nora e pelo filho e estão à espera de ver se conseguem, através do médico, uma enfermeira visto a mãe ter 83 anos e ser uma pessoa já debilitada! uma mulher que tem 54 anos e uma doença que dificilmente "aparece" assim tão tarde..
 
 A mãe do meio da aflição só perguntava: que Deus? eu não merecia isto, nem eu nem ela pois não fazemos mal a ninguém...

A filha trabalhava numa escola no padrão da Légua e foi transferida para a "escola amarela" e segundo a mãe, ela não gostava da nova escola e andava muito stressada e pode ter sido isso que despoletou mais depressa a doença!  

A Sª preocupava-se com o dia em que partisse por a filha ficar sozinha, segundo ela muitas vezes a filha lhe respondia: se calhar ainda morro primeiro que tu"! e foi "dose", senti-me impotente e triste pela dor daquela Senhora... e pensei que é, com toda a certeza uma situação irreversível, se realmente é aquela doença não tem hipóteses de melhorias, pelo contrário... e ao que também soube, faz agora em agosto um ano que ela se começou a queixar ao médico que tinha muitas dores nas pernas, ao que ele dizia sempre ser das varizes! não seria de ter aprofundado um pouco mais? será que se elas tivessem dinheiro teria sido detectado à mais tempo? seria? não sei... será já o que tem que ser, mas infelizmente prevejo um futuro "negro" para a filha, mas não muito melhor para a mãe, infelizmente!

Valerá a pena tantas brigas, tantas zangas, tanto ódio, tanta inveja... valerá????

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