Andava eu a remexer numa gaveta onde tenho algum espólio que era de meus Pais e dei com um postal que diz:"Companhia Nacional de Navegação PAQUETE "QUANZA"
Vou transcrever o que minha Mãe escreveu e embora não seja a primeira vez que o leio, veio-me à ideia o quanto se deve amar um homem, neste caso o meu Pai, para se deixar tudo e se partir, sozinha isto há 59 anos! é obra. Fez-me igualmente lembrar alguns coisas que ela dizia e que nós "desvalorizávamos" que hoje, fazem tanto sentido...
Só é pena que muitas vezes só se interiorize o que nossas Mães nos dizem, quando elas já cá não estão e isto passa-se comigo e com toda a gente e apesar de todos nós o sabermos, todos caímos nos mesmos erros e quando temos a "luz", é tarde demais!
"23 de setembro de 1957
Querida Mãe,
Que estejam todos de saúde é o meu maior desejo, eu cá vou mais ou menos. No primeiro dia enjoei bastante, não aguentei as pastilhas e deitei tudo fora, mas o mar agora já está melhor e eu já vou bem. e dizem que daqui para diante o mar é melhor e o tempo melhor. Chegamos hoje a Las Palmas, lá para as 7 horas. Eu já arranjei aqui umas pessoas de Matosinhos que já estiveram em Luanda e que foram passar férias aí, vamos muito bem há aqui para alugar, umas cadeiras de braços e à noite estamos no convés do barco a tomar ar porque nas camaratas está calor. Tenho muitas saudades vossas. Agora vou ver se compro alguma coisa em Las Palmas, porque dizem que é muito bonito.
Saúde para todos que perguntarem por mim, beijinhos para a Lindinha e para vocês da filha Aida.
Adeus."
Sem palavras!
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