quinta-feira, 29 de maio de 2014

EU E MEU IRMÃO

Temos sido os dois muito fortes e cumplices! Todos os dias falamos e todos os dias temos ido a casa da nossa Mãe. Estamos desde a semana passada a ver o que queremos e o que não queremos pois quanto mais depressa tirarmos as coisas, mais depressa se entrega a casa pois não há necessidade de estar a pagar mais um mês de aluguer!



Sempre que entro lá, sinto uma estranha nostalgia, um estranho silêncio, uma falta de ouvir:  "És tu Ivone"?
Chegando as 17 horas, o vamos lanchar, leite com café e bolachas torradas, desde o dia da Mãe, variava um pouco pois tinha-lhe oferecido um frasco de compota de Maça e lima limão que a filha de uma amiga faz e vende em "feirinhas", levei umas tostinhas ás quais ela "achava" graça por serem pequeninas e que dizia: "estava mesmo à espera que viesses lanchar comigo porque não tenho  jeito nenhum para espalhar a compota nas tostinhas e sabe-me tão bem"...

Penso que como todas as mães e filhas, existem de vez em quando determinadas picardias, por uma questão de feitio e muitas vezes simplesmente por falta de disposição e minha mãe, tinha como às vezes referi um feitio por vezes difícil e não é agora porque morreu que vou dizer o contrário mas era uma Mãe presente, uma mãe preocupada, então com o meu filho nem se fala, uma Mãe que vivia os nossos problemas e eu também tenho o meu feitio!!!.

Sofreu como ninguém a morte do Nando, todas os dias rezava ou de manhã, ou de tarde e todas as noites o fazia, manifestava-se contra o meu ceticismo e pedia a Deus que lhe desse uma morte sem "sofrimento e sem ficar acamada a dar trabalho, pois não queria "dar trabalho a ninguém" e como era uma pessoa que andava mal, via mal, tinha uma ferida no calcanhar direito pelo menos à 7 anos sem cicatrizar... por esse motivo creio já ter sofrido bastante e Deus fez-lhe a vontade pois morreu "bem".

Estes dias, estou ainda a "quente" mas tenho a noção que vem aí muito sofrimento para mim! quando tivermos tudo em ordem,  for ao cemitério e ver que a seguir não vou mais a casa dela, como sempre o fazia, quando pensar que não lhe vou perguntar mais:  o que queres que te leve? e ela responder sempre: assim de repente", quando chegarem os domingos, que eram passados todos em casa dela, ía buscar o almoço ao restaurante e passava a tarde toda com ela, o último domingo que o fiz, foi a fazer bainhas de umas cortinas da sala que substitui e estive a cozer  e vai fazer muita falta porque digam o que disserem e salvo raras excepções, ninguém nos ama mais que as nossas Mães e ninguém quer tanto o nosso bem como elas! Resta-me a "consolação" que a última semana de vida dela, nos dê-mos super bem, sem stresses sem aborrecimentos em plena paz! 


"Tenho saudades deste lugar que de um momento para o outro ficou ao abandono e coberto por um silêncio total."  

2 comentários:

  1. Coragem, muita muita coragem. A sua mãe está juntos dos seus outros entes queridos a olhar por si! Serão os seus anjos!
    Tente ouvir Deus, tente aproximar-se Dele! Vai ver que lhe fazera muito bem :)

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  2. Obrigada Ana, pelas suas palavras. Um grande xi-coração

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