terça-feira, 12 de novembro de 2013

ROGÉRIO MOURA

Não sei se já alguma vez o referi, mas a casa onde o Nando trabalhava, fechou. Conheci todos os colegas que com ele trabalhava, uns mais que outros mas um deles, o Rogério, como morava no bairro em frente a minha mãe e o meu filho ficava lá, ele ia sempre de boleia connosco, eu na altura ainda trabalhava na Restauração. Lembro de o Nando dizer que ele era dos poucos que como ele, conseguia fazer um sofá por inteiro, isto é, começar e acabar.
No passado mês de Abril ficou desempregado e como sempre mantivemos contacto, ele disse-me num dos telefonemas que me fez, que estava a ponderar meter um projecto e pedir o valor total do sub. desemprego e estabelecer-se perguntando qual a minha opinião.

Conclusão, acabou por meter o tal projecto, e na passada segunda feira, dia 4 abriu as portas ao público com o nome: "Rogério Moura".

 Telefonou-me para quando pudesse se quisesse ir fazer-lhe uma visita,  na Rua das Condominhas, 610 e eu assim fiz, como fica relativamente perto do cemitério e normalmente às 3ª feiras vou "ver" o Nando fui lá.

Tem uma montra com um sofá, uma mesinha com um candeeiro uma parede com uma cortina, e uma carpete no chão a seguir tem uma divisão com papel de parede e uma porta do lado esquerdo a qual dá acesso à oficina propriamente dita onde tem uma máquina de costura, uma bancada, espumas, etc.

Gostei, fiquei contente e desejei-lhe e desejo que tudo lhe corra sempre bem,   que tenha sempre trabalho pois a crise nesta altura é muita, embora me tenha dito que até ao final do ano, já tem que fazer.

Agora vou deixar aqui o que senti, quando me vim embora, sem mágoa, sem rancor e muito menos sem inveja, sem ódio!  simplesmente não consegui conter as lágrimas por saber que o meu Nando jamais vai saber disto, jamais vai saber que também ele, já estaria desempregado e agarrado quem sabe a uma situação idêntica e principalmente e mais uma vez a pergunta porquê?...

Ao atravessar a rua, vejo outra pessoa do meu passado, o Sr Manuel, que era quem fazia as obras de "trolha" na firma onde trabalhei e inevitavelmente me falou no Nando...

A vida continua, o tempo não pára mas a dor jamais passará, será atenuada, simplesmente atenuada...

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