Sexta feira, telefonaram a perguntar se não havia inconveniente em antecipar para hoje a consulta que o Nando tinha no dia 5 do próximo mês. Por volta das 11.30 h chegamos e estivemos até sensivelmente ás 17.30 lá dentro! e o "engraçado", é que até ele ser chamado, não estava ninguém na sala de espera!
Primeiro fomos entregar ao chamado "hospital de dia" a "sacola" que ele usava quando trazia a bomba e os cartões de identificação que usávamos ao pescoço sempre que fazia quimioterapia, depois o segurança disse que as consultas de paliativos era no prédio digamos assim, dos paliativos!.
Não posso deixar de exprimir a tristeza que senti ao saber que é ali, que as pessoas acabam os seus dias... Uma sala de espera completamente diferente das outras, o chão, em tijoleira beije, "imaculadamente" limpa, três máquinas de "self-service", e sofas, de um e de três lugares, estofados, quando na outras salas de espera em que temos estado, nos outro edifícios, são de chapa, mais hegiénicos é certo mas muito menos confortáveis principalmente para doentes, como o Nando, que não se podem sentar a 100%!
Então aconteceu o seguinte; depois de uma longa espera, por volta das 14 horas, a enfermeira chamou por ele para uma 1ª abordagem sem a minha presença!, nunca tinha acontecido, mas pronto, segundo ele me contou depois, por alto, foi para lhe fazer uma série de perguntas em relação à doença em si e em como estamos todos a lidar com a situação!
Mais ou menos ás 13.30, entramos então os dois para a consulta propriamente dita. O médico esteve e ver a medicação e vai alterar, ou melhor, vai incluir diariamente mais 2 comprimidos e aumentar a dosagem de outros, vai tomar, Epsicaprom, que é para parar a hemorragia, e em caso de dor aguda, o Abstral... tem mais 2 que são mesmo "SOS" e deixa de tomar o do colesterol! Esteve também a tirar sangue para análises e a limpar o cateter!
A conclusão que eu tirei deste médico, ou destes médicos que são especialistas em "cuidados paliativos" é que, contrariamente aos da quimioterapia e das outras consultas, tentam "animar" os doentes... é precisamente o contrário, aqui, os doentes sabem que estão quase com um "atestado de óbito" eles dizem:-"não vamos cura-lo, sabe que não tem cura, mas temos neste sector doentes que estão cá já lá vão 8 anos"!
E acreditar? Neste momento para mim é impossível acreditar nisso... só eu sei como fico quando o vejo, como hoje, com dores, sem vontade de comer, eram 9 horas já estava na cama!! é doloroso, muito muito doloroso! por vezes chego à conclusão que sinceramente não sei para que é que a gente nasce! Nunca fizemos mal a ninguém, nunca prejudicamos ninguém, sempre trabalhamos e muito, para não termos nada e no fim, esta luta, este sofrimento!
Sei que tenho dias que não estou tão em baixo e ainda bem, embora não seja tão alegre, não tenha grande vontade de falar, vou buscar forças sabe-se lá onde, para pelo menos perto deles, disfarçar!
Aliado a isto tudo, tenho a "porcaria" do condomínio "ás costas"... foi uma inundação, foi avaria nos intercomunicadores... "haja Deus"...
Não sei o que te dizer para te confortar, para te dar forças. Não basta dizer que lamento, eu sei.É muito triste a morte em qualquer circunstância, falar nela dói. Contudo, escarrapacharem-nos a realidade assim, só por si, já é um atestado de óbito antecipado desumanamente.
ResponderEliminarO "hoje" já passou já é amanhã... será um dia melhor. Beijinhos
Paliativo
ResponderEliminarDe paliar, do latim tardio paliare,
cobrir, disfarçar, dissimular.
Ganhou o sentido de encobrir porque a
origem remota é um pano retangular
utilizado pelos filósofos gregos para
cobrir as costas, denominado pallium,
em Roma.
Também as hetaíras ou heteras a usavam.
Elas eram cortesãs, prostitutas de luxo,
entretanto cultas, pois viviam na companhia
de homens sábios com quem aprendiam
e a quem as vezes ensinavam música e
outras artes.
Paliativo passou a qualificar o que
cobre o problema, mas não o erradica
ou evita, como se diz de medidas que
não cumprem os fins a que se destinam,
tornando-se paliatívas, isto é,
que não resolvem,
pois não bastava por o pano sobre as costas
para se tornar filósofo ou hetera.
DEONÍSIO DA SILVA - Escritor brasileiro
"De onde vêm as palavras" 16ª edição.
Novo Século Editora - Osasco- SP /2009.
um grde beijinho carregado de mta,mas mta força
ResponderEliminarluadoceu
Receba o meu abraço. Força, muita força...
ResponderEliminarLuciana
Obrigada Carla. Beijinhos fica bem
ResponderEliminarMais uma vez obrigada Luciana e obrigada também por "me visitar".
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